17º Congresso Nacional: como está a saúde do Médico do Trabalho?

O Médico do Trabalho – e os profissionais de saúde em geral – tem o árduo trabalho de cuidar dos outros. No entanto, esse ofício faz com que muitos esqueçam de cuidar de si próprio. Em virtude disso, “Como está a saúde do Médico do Trabalho?” foi tema de uma semiplenária do 17º Congresso Nacional da ANAMT, que é realizado em Brasília (DF), nesta sexta-feira (17). Uma das razões para o alerta é o elevado índice de suicídio e depressão entre médicos – 70% acima da população geral.

A atividade foi apresentada por Woodrow Delano Wilson, psiquiatra especialista em Psiquiatria Forense e Medicina do Trabalho. O especialista frisou que a cultura ocidental reforça muito o cuidado do próximo e vê o cuidado próprio como egoísmo, mas que é necessário o cuidado consigo para poder cuidar dos outros.

“Qual é o nosso limite de tolerância como Médico do Trabalho? Nós sabemos o quão tolerante é o ser humano a substâncias como o chumbo, por exemplo, mas muitas vezes não nos perguntamos qual é o nosso limite de tolerância”, indicou Woodrow.

Uma boa forma de buscar estes questionamentos, em muitos momentos, nascem do próprio trabalho do médico, a partir dos seus pacientes. “O Médico do Trabalho recebe pessoas que falam sobre suas insatisfações com a empresa, muitas vezes compartilhando questões de saúde mental e desconfortos, que nos fazem perceber nossas próprias insatisfações e sinais de estresse ou ansiedade”, aponta.

As expectativas da sociedade moderna a respeito do sucesso também foram abordadas pelo psiquiatra. Ele ressaltou que expectativas financeiras irreais ou a associação de bens materiais com o sucesso pessoal gera constante frustração para as pessoas impactadas. E essa frustração gera transtornos que, muitas vezes, os próprios médicos não percebem.

“Quantos de nós ainda não acreditam que médicos não ficam doentes e sequer fazem exames periódicos? Precisamos cuidar de nós mesmos, pensar naquilo que nos dá prazer e o que nos desafia. Estamos sempre muito atentos no risco biológico, mas esquecemos do risco psicossocial aos quais somos expostos”, disse Woodrow, convidando os presentes à reflexão.

Na palestra, também foi ressaltada a importância da resiliência, um elemento fundamental para o profissional de saúde. “A resiliência é enfrentar momentos ruins sem carregá-los consigo posteriormente. A pessoa resiliente se molha na chuva porque precisa, mas sua frustração fica restrita àquele momento. A pessoa que se submete a esses momentos ruins se molha na chuva, mas xinga, se enraivece, carrega esse problema consigo para além”.

Por |2019-05-17T16:43:54-03:0017 de maio de 2019|Eventos|Comentários desativados em 17º Congresso Nacional: como está a saúde do Médico do Trabalho?