Transtornos mentais: interação entre Psiquiatria e Medicina do Trabalho

Nos últimos quatro anos, transtornos mentais e comportamentais, como altos níveis de estresse, foram a terceira maior causa de afastamento dos trabalhadores brasileiros. Mais de 17 mil casos de concessão do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez foram registrados entre 2012 e 2016 com este motivo, segundo o Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade, divulgado pelo governo.

Os dados fazem parte de uma pesquisa que trata dos benefícios concedidos por incapacidade temporária e definitiva. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o estresse pode causar alterações “agudas e crônicas” no comportamento dos empregados, principalmente “se o corpo não consegue descansar e se recuperar” das atividades trabalhistas.

Os números mostram como, hoje, no mundo do trabalho, a exigência de produtividade, de qualidade e de competição tem aumentado a incidência de novas doenças mentais. De acordo com a especialista em perícias médicas, Dra. Walneia Moreira, esses afastamentos têm um vilão principal: a ansiedade.

“Vivemos uma sociedade onde os indivíduos são cobrados e pressionados a serem competitivos e consumistas, o que por si só já é um fator preditivo para o surgimento da ansiedade. Este ritmo de vida traz consequências como a ansiedade, a intolerância de espera e, consequentemente, a pressa para realizar nossas atividades do dia a dia. Somos cobrados e estimulados, não só no trabalho, mas no nosso dia a dia a executarmos nossas tarefas em rápida velocidade e a velocidade de desempenho tem sido umas das grandes causas de ansiedade”, explica a especialista.

A ansiedade é uma característica normal do ser humano, é reacional e antecede momentos de perigo real ou imaginário. Contudo, como aponta Walneia, as sensações provocadas pela ansiedade atualmente são desproporcionais em relação ao estímulo.  Um sentimento vago e desagradável de medo, e o desconforto derivado de antecipação de perigo de algo desconhecido ou estranho se tornam cada vez mais comuns.

“Os indivíduos relatam sensação permanente de pressa, dificuldade para relaxar, inquietude, dificuldade de viver o presente. Por isto é importante diferenciar a ansiedade normal dos transtornos de ansiedade patológicos, ou seja, aqueles que causam prejuízo ao desempenho profissional, acadêmico e social”, afirma.

Para debater o tema, Walneia será coordenadora do colóquio Tratamento integrado de transtornos mentais – Interação entre a Psiquiatria e a Medicina do Trabalho, parte da programação do Seminário Sudeste da ANAMT, que ocorre entre os dias 7 a 9 de setembro, em Belo Horizonte (MG).

O objetivo do encontro será mostrar como as duas áreas podem tratar juntas o crescimento de ações envolvendo esta problemática e do número crescente de afastamentos por transtornos mentais causados pelas condições laborais.

“Não há dúvidas que a abordagem deve ser multidisciplinar, por isto mesmo a ideia deste colóquio, onde Médicos do Trabalho e psiquiatras estarão reunidos para discutir os melhores caminhos para abordar os transtornos psiquiátricos dos trabalhadores”, conclui.

Serviço:

Seminário Sudeste da ANAMT
Data: 7 a 9 de setembro de 2017
Local: Hotel Mercure Lourdes – Belo Horizonte (MG)
Informações: http://seminariosanamt.com.br/seminariosudeste/

 

Por |2017-08-16T16:06:07-03:0016 de agosto de 2017|Eventos|Comentários desativados em Transtornos mentais: interação entre Psiquiatria e Medicina do Trabalho