Dia da Medicina do Trabalho

No dia 4 de outubro é comemorado o Dia da Medicina do Trabalho. A data escolhida para celebrar a profissão é a do nascimento do médico italiano Bernardino Ramazzini, considerado o pai desta especialidade médica. Desde o início das práticas da Medicina do Trabalho (MT), no século XVII, até os dias atuais, a carreira avançou e se consolidou como peça fundamental para a segurança e saúde do trabalhador.

A escolha da data é para a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) a consolidação do exercício da profissão. A celebração vem de encontro ao anseio de por em evidência a atuação do médico da área e sua responsabilidade na manutenção de condições ideais de trabalho.

Ramazzini foi um médico que, à sua época, demonstrou humanismo e humildade no atendimento aos anseios dos trabalhadores. Além do convívio frequente com integrantes de diversos locais de trabalho, o médico teve a tenacidade de observar, investigar e diagnosticar os fatores sociais que causavam e configuravam as doenças que aqueles desenvolviam. A partir de seu estudo, Ramazzini chamou a atenção dos médicos para a necessidade de conhecer a ocupação, atual e pregressa, dos pacientes, informações fundamentais para a elaboração do diagnóstico correto e da adoção de procedimentos adequados.

Autor da primeira publicação sobre o tema, lançada em 1700, Ramazzini criou os critérios de classificação empírica, base para a sistematização da Patologia do Trabalho utilizada até hoje para fins médico-legais e previdenciários em muitos países.

No Brasil, a profissão teve muitos avanços nos últimos quarenta anos. Neste período, a Associação Nacional foi fundada; foram criados os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMTs); os cursos de formação e especialização foram atualizados; e as diretrizes para os procedimentos profissionais e éticos foram estabelecidos.

Para o presidente da Anamt, Dr. Carlos Campos, os contextos sociais, políticos e econômicos atuais são muito diferentes dos do passado. Ao contrário do que acontecia com as formas de organização do trabalho, os cenários atuais do mundo profissional e sua relação com a sociedade e com os trabalhadores evoluíram muito rapidamente, com importantes avanços tecnológicos neste meio.

Houve aumento da exposição a “novos riscos”, da incorporação do trabalho feminino e de diversos agravos à saúde do trabalhador. Além disso, há as novas modalidades de trabalho formal e informal, o envelhecimento da população trabalhadora e os transtornos com doenças em longo prazo, como a hipertensão, o diabetes, o infarto agudo do miocárdio, os acidentes vasculares cerebrais. Em função deste cenário, infelizmente, a cada ano, milhões de acidentes, lesões e doenças relacionadas ao trabalho afetam de maneira negativa o ser humano, as empresas, a economia e o meio ambiente no mundo todo.

O Brasil é um dos países em desenvolvimento mais atuantes na área da legislação da proteção e promoção da saúde e segurança do trabalhador. é muito bem reconhecido por organismos internacionais que atuam na área das relações de trabalho, pela forma que vem sendo conduzida a elaboração das leis e normas relacionadas ao meio ambiente, saúde e segurança no trabalho. O sistema tripartite utilizado para condensar tais leis e normas é modelo para outros países, a participação ativa do trabalhador, do governo e do empregador é fator incontestável da boa prática da democracia no âmbito do trabalho.

Entretanto, o caminho para o cumprimento ideal da legislação brasileira ainda será longo e repleto de obstáculos, basta verificar as estatísticas apresentadas pelos organismos internacionais e os benefícios previdenciários concedidos por doenças e acidentes de trabalho. Desde 2003, a Previdência Social gastou R$ 56,8 bilhões com Seguros de Acidentes de Trabalho (SAT). Há uma previsão de que em 2009 a despesa anual chegue a algo em torno 14,2 bilhões.

Mas, de acordo com Campos, tais obstáculos são perfeitamente transponíveis. “Vislumbro um futuro onde as políticas de atenção à SST e ao Meio Ambiente estarão completamente internalizadas em todos os empresários, trabalhadores, profissionais da área de SSMA, como uma prática necessária e interpretada como um valor agregado à gestão da empresa e não somente uma necessidade de cumprimento legal, mas como princípio básico para a vida”, revela o presidente da Anamt.

Segundo ele, para a eficácia da profissão, é necessária uma mudança radical na cultura, que está acontecendo, principalmente na questão relacionada com o olhar, a vontade e a decisão de encarar todos os problemas. “é fundamental ultrapassar limites e se manter obstinado em garantir a promoção da saúde do trabalhador, propondo métodos de avaliação da exposição a riscos durante os processos de trabalho, medidas preventivas, e edificar relações de confiança e equidade com todos os trabalhadores, em todos os níveis operacionais e sem discriminação”, conclui o médico do trabalho.

Por |2010-10-20T00:00:00-02:0020 de outubro de 2010|Notícias|Comentários desativados em Dia da Medicina do Trabalho