Médicos do trabalho devem estar atentos aos níveis de audição dos trabalhadores em ambientes com pressão sonora2023-06-01T13:25:37-03:00

‘Indicação e interpretação correta dos exames audiológicos’ foi o tema apresentado pela Dra. Mara Edwirges Gândara, especialista em Otorrinolaringologia e em Medicina do Trabalho, no webinário realizado pela ANAMT, no dia 30 de maio e transmitido ao vivo pela ANAMT Virtual.

Ao final da palestra da Dra. Mara, dois estudos de casos foram apresentados pela otorrinolaringologista Dra. Jene Greyce Oliveira, para ilustrar o tema do webinário e criar uma dinâmica entre os participantes. Eles puderam avaliar um dos casos, com votação online. Em seguida, elas tiraram dúvidas sobre o tema da palestra e do estudo de caso. A coordenação do encontro coube à Dra. Rosylane Rocha, diretora científica da ANAMT.

Controle ocupacional da audição

Dra. Mara Gândara iniciou a palestra destacando o que estabelece o anexo II da NR 7 para controle médico ocupacional da audição de empregados expostos a níveis de pressão sonora elevados (Pair/Painpse).

A especialista explicou que a própria Norma estabelece que ‘devem ser submetidos ao exame audiométrico de referência e sequenciais todos os empregados que exerçam ou exercerão suas atividades em ambientes cujos níveis de pressão sonora estejam acima dos níveis de ação, conforme informado no PGR da organização, independentemente do uso de protetor auditivo’, reproduziu a especialista. “O protetor auditivo não tira a empresa do risco da presença do nível da pressão sonora elevada. Ele existe”, complementou e alertou a médica.

Um dos pontos de dúvida, em geral, é quando o exame audiométrico deve ser realizado e a NR7 determina que o exame dever ser feito na admissão do empregado. Para Dra. Mara, o procedimento é essencial para o correto acompanhamento.

“Considero o melhor exame. É importante o médico do trabalho ter as referências antes do indivíduo começar na empresa. “Depois, fica difícil a realização da audiometria. Tem que ser um dia antes. Para mim, é o exame mais completo. Tenho que constatar como é a audição daquele indivíduo antes de ele começar a trabalhar”, destacou a otorrinolaringologista.

Posteriormente, o exame pode ser anual, porque legalmente é o período mínimo a ser considerado, mas, como explicou Dra. Mara, o médico tem autonomia se quiser reduzir esse período. Outro momento é na demissão, mas o último exame realizado pelo empregado tem validade até 120 dias, independente do grau do risco da empresa.

Agentes de risco

Outros fatores relevantes na avaliação dos riscos, incluem a presença na empresa de outros agentes como vibrações, que tendem a piorar a audição. A presença de solventes orgânicos e ototóxicos.

Pair e Painpse

Desde janeiro de 2023, explicou Dra. Mara Gândara, com a nova NR 7, houve uma mudança de Pair (Perda Auditiva Induzida por Ruído) para Painpse (Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados), que é uma perda auditiva sempre neurossensorial. Geralmente o comprometimento é bilateral, semelhante nas duas orelhas.

“Sempre que tiver uma perda auditiva assimétrica, é preciso um diagnóstico diferencial. Se eu tenho uma perda auditiva neurossensorial só de um lado, preciso afastar uma alteração retrococlear e com exames complementares.

Anamnese

O que é importante numa anamnese para o médico do trabalho? Indagou a especialista. “A audiometria dará um diagnóstico topográfico, mas na anamnese é importante registrar a data a consulta: se o paciente tem uma queixa auditiva, quando ocorreu a instalação da perda, se ele nasceu com a perda, o que sabe de histórico em relação à família, se tem uma boa fala”, entre outros pontos ressaltados na palestra da Dra. Mara.

Estudo de casos

Por sua vez, Dra. Jene Greyce, que também é especialista em Medicina do Trabalho, apresentou dois casos para que os participantes pudessem ver exemplos que podem ser apresentadas aos médicos do trabalho na rotina clínica das empresas.

O primeiro caso envolveu um empregado com 52 anos, operador de uma usina termoelétrica. E o segundo, sobre um esmerilhador de 28 anos. Para este último caso foi apresentado um questionário online aos participantes, para avaliação do paciente, seguido de votação em tempo real.