Nota de pesar: Dr. Pedro Augusto Zaia (6/2/1937 – 3/7/2019)

É com pesar e tristeza que comunicamos aos médicos e médicas do trabalho o falecimento do colega Dr. Pedro Augusto Zaia, ocorrido em São Paulo, na tarde de 3 de julho.

Para algumas centenas de profissionais que se qualificaram e se aperfeiçoaram nas décadas de 70, 80 e 90, do século passado, o nome de Pedro Zaia sempre esteve associado a um colega médico do trabalho, que sabia muito, mas muito mesmo, sobre doenças profissionais, e que não hesitava em nos ensinar a todos, tanto na prática ambulatorial, quanto nas aulas e cursos que ministrava. Satoshi Kitamura e eu fomos alguns desses privilegiados, pois em 1972, quando iniciávamos os primeiros passos na especialidade (trabalhando na Fundacentro), fomos fazer o que todos os interessados e estudiosos faziam: estagiar ou frequentar o Serviço de Medicina Industrial do SESI, na Rua Catumbi, 318, no Belenzinho, Zona Leste de São Paulo.

Lá encontramos outros colegas ilustres, como Jorge da Rocha Gomes, Luiz Carlos Morrone (1944-2014), Kazuiti Nakamura, Sergio Branco, Salim Amed Ali, entre outros. O Serviço do SESI pertencia à Divisão de Higiene e Segurança Industrial, sob a responsabilidade do Dr. Bernardo Bedrikow (1924-2008). Estagiar com Pedro Zaia significava a iniciação em problemas como chumbo, manganês, benzeno, trabalho em condições hiperbáricas, e outros problemas menos frequentes, mas sempre intrigantes e, às vezes, muito graves. Sua experiência e afabilidade alcançaram a muitos, mesmo fora de São Paulo, como em Belo Horizonte/MG, por exemplo, segundo depoimento da Profa. Elizabeth Costa Dias.

Uma das publicações mais conhecidas é um ‘clássico’ até hoje: ALMEIDA, Antônio José; GOMES, Jorge da Rocha; ZAIA, Pedro Augusto. Importância do inquérito epidemiológico em Medicina do Trabalho. Uma epidemia de manganismo. Resumo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HIGIENE, 18. 1970, São Paulo. Anais… São Paulo, 1970, p.III.

Pedro Augusto Zaia formou-se pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo em Sorocaba, onde permaneceu como Professor, ao lado do Prof. Antonio Ferreira Cesarino Júnior (1906-1992) e Joaquim Augusto Junqueira (1917-1991), entre outros. Todos os médicos formados pela PUC de Sorocaba tiveram o privilégio de terem aulas com eles, os três, os dois, e por último, apenas Zaia. Com certeza, aprenderam muito!

Além do SESI, onde trabalhou por mais de 30 anos, trabalhou também no antigo INAMPS e na Secretaria Estadual do Trabalho de São Paulo. Paulo Zaia, seu filho, também é médico do trabalho, com trajetória brilhante aqui em São Paulo.

Discreto, quase recluso, porém ainda profissionalmente ativo e animado, Pedro Augusto Zaia, morto aos 82 anos, leva de nós o respeito, a estima e o reconhecimento sincero, pela pessoa que foi, e pelo profissional honrado e competente que sempre dignificou a profissão médica e a especialidade Medicina do Trabalho, que exerceu por mais de 50 anos. Leve o nosso adeus e nossas saudades, querido Zaia!

Texto escrito por René Mendes para a ANAMT

Foto cedida por Dr. Paulo Zaia

Por |2019-07-04T14:15:17-03:004 de julho de 2019|Institucional|Comentários desativados em Nota de pesar: Dr. Pedro Augusto Zaia (6/2/1937 – 3/7/2019)