Os trabalhos do segundo dia do 17º Congresso Nacional da ANAMT tiveram início com a conferência “Trabalhando o tempo todo em qualquer lugar – como lidar com os desafios para a saúde dos trabalhadores na sociedade contemporânea?”. Dra. Lúcia Rotenberg, do Instituto Oswaldo Cruz, da Fiocruz, falou sobre as mudanças que a tecnologia trouxe para a relação entre o trabalho e vida pessoal, devido à possibilidade de acesso às demandas de trabalho o tempo todo, por meio de dispositivos eletrônicos e crescimento do teletrabalho.
A palestrante enumerou os benefícios da modalidade, como maior autonomia dos trabalhadores, ganho de tempo utilizado no transporte público e maior controle do mesmo para outras atividades. Porém, ela apontou dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que indicam a dificuldade de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e que muitos se sentem sempre estressados e mais controlados pela empresa nesse formato. Além disso, há trabalhadores que se sentem mais isolados, com sensação de fragilidade e mais estressados pela alta responsabilidade.
A essa modalidade, também existe o conceito de telepressão, no qual os indivíduos sentem necessidade de estarem sempre conectados para tratar das tarefas com o chefe e demais colegas. Segundo Lúcia, esse contexto traz desdobramentos à saúde dessas pessoas, como chances de agravos à saúde duas vezes maiores que entre pessoas que trabalham nas empresas.
A necessidade de adaptar as Normas Regulamentadoras (NRS) a essa realidade foi lembrada pela palestrante, que também pontuou a diferença de desdobramentos entre homens e mulheres, por conta do trabalho doméstico. Lúcia também lembrou que as tecnologias não são culpadas, mas a forma como a utilizamos a partir do contexto em que estamos inseridos.
