17º Congresso Nacional: riscos psicossociais em ambientes de alta demanda

Muitas vezes, conciliar a saúde e bem-estar dos funcionários dentro de um ambiente de alta demanda é um grande desafio para um Médico de Trabalho, especialmente tendo em vista os riscos psicossociais envolvidos. No 17º Congresso Nacional da ANAMT, a semiplenária “Gestão de conflitos: comunicação e gestão de desempenho com foco em resultados” abordou este tema na sexta-feira (17).

A apresentação foi feita por Marc Jacoby, médico do trabalho, diretor do departamento de saúde da ArcelorMittal, presidente da Associação de Saúde Ocupacional de Luxemburgo e integrante do conselho para Saúde e Segurança no Trabalho do governo local.

“A pressão por resultados e o individualismo fazem com que o trabalho em equipe seja cada vez menos comum, especialmente em ambientes de gestão tóxica e de elevada demanda. Isso gera um ambiente que leva uma série de riscos psicossociais ao trabalhador”, explica Jacoby.

De acordo com o especialista, a coexistência de um ambiente de alta demanda e saudável é possível, desde que o empregador dê ao empregado o apoio necessário para isso. E, neste desenho, a função do Médico do Trabalho como mediador é fundamental.

“Hoje, a profissão do Médico do Trabalho concentra uma série de funções além do exercício médico propriamente dito. Isso inclui a mediação entre gestão e empregado, ser o coach de saúde dos funcionários, ser um gestor para poder dialogar em igualdade com os gestores de outras áreas e controlar seus indicadores, como consultores de projetos e até como líderes de time. As mudanças no cenário de trabalho nos exige vários papeis”, ressaltou.

Modelos para superar esse desafio

Um modelo apresentado pelo Dr. Jacoby – que pode ser conferida no suplemento especial da Revista Brasileira de Medicina do Trabalho para o Congresso – para gerenciar os riscos psicossociais aos quais os trabalhadores são expostos.

A proposta inclui um processo inicial de avaliação de riscos aos quais, uma etapa de comunicação para criar consciência tanto dos empregados sobre os perigos quanto dos empregadores para motivá-los a investir em medidas preventivas e protetivas, a consultoria de projetos internos, a mediação em situações de conflitos e o coaching como forma de desenvolver a auto-estima do funcionário e ensiná-lo a gerir-se em situações mais individuais.

“Além disso tudo, também é necessário formar indicadores individuais de risco psicossocial, para que cada funcionário tenha um acompanhamento no longo prazo, e também um indicador de risco psicossocial coletivo, até para acompanhar o impacto das políticas propostas pela empresa na força de trabalho”, aponta o presidente da Associação de Saúde Ocupacional de Luxemburgo.

Jacoby também listou alguns dos principais fatores primários de risco psicossocial, como relacionamentos ruins no ambiente de trabalho, liderança tóxica ou falta de liderança, contexto econômico da empresa, carga de trabalho excessiva, pressão por prazos muito curtos e expectativas de que parte do trabalho seja realizado fora do ambiente de trabalho, rompendo as fronteiras entre o lar e o emprego.

“Além de uma avaliação profunda do ambiente da empresa, também podemos identificar estes fatores através do estabelecimento de um modelo de comunicação mais eficiente, com canais de diálogo abertos dispostos a ouvir e também ensinar aos funcionários”, ressaltou.

Por |2019-05-17T11:27:29-03:0017 de maio de 2019|Eventos|Comentários desativados em 17º Congresso Nacional: riscos psicossociais em ambientes de alta demanda