17º Congresso Nacional: retorno após problema de saúde mental pauta plenária

O 17º Congresso Nacional da ANAMT abordou, em sua segunda plenária de sexta-feira (17), as “Oportunidades e limites da reinserção profissional na perspectiva da saúde mental”, em atividade conduzida por Karen Nieuwenhuijsen, professora-assistente no Coronel Institute of Occupational Health e pesquisadora sênior no Centro de Pesquisa Holandês de Medicina Ocupacional da Universidade de Amsterdã.

A pesquisadora holandesa apresentou um passo-a-passo de como funciona o aconselhamento de retorno ao trabalho após o afastamento por questões relacionadas à saúde mental. O manual desenvolvido pelo governo holandês para o retorno ao trabalho nestes casos apresentou resultados expressivos, reduzindo em até 30% o tempo de afastamento em trabalhadores com sinais de depressão e ansiedade, por exemplo.

O Brasil, segundo os dados apresentados na plenária, precisa dar atenção especial ao tema. O prejuízo causado por afastamentos por saúde mental alcança 0,5% do Produto Interno Bruto. O valor é elevado quando comparado a países como os Estados Unidos (0,05%) ou Coreia do Sul (0,01%).

Para apresentar os elementos do manual, Karen apresentou aos participantes do Congresso um caso hipotético de um trabalhador em posição de liderança que é afastado do trabalho com sinais de ansiedade. Eles puderam votar, por meio do aplicativo do evento, no passo-a-passo do processo de recuperação, cujos resultados depois foram comparados aos estudos conduzidos na Holanda.

“Nosso processo de pesquisa nos indicou o que funciona: ativações junto ao funcionário, foco na resolução do problema em questão, retorno gradual e um cuidador profissional que deve estar familiarizado com o ambiente de trabalho, como o Médico do Trabalho da empresa”, ressaltou. “O uso de profissionais externos ao ambiente de trabalho – como um consultor ou psicólogo terceirizado – não apresentaram bons resultados”.

Ela também ressaltou que, apesar dos avanços tecnológicos, o atendimento virtual de pacientes afastados por questões de saúde mental não se mostrou eficaz. O contato frente-a-frente apresentou resultados muito melhores, mesmo levando em conta o custo acrescido. O uso de medicamentos antidepressivos não foi recomendado.

“Ao invés do uso destes medicamentos, que não apresentaram resultados eficientes em pacientes com depressão ou ansiedade, percebemos que a atuação direta no ambiente de trabalho para entender e trabalhar as causas deste problema mostrou-se muito mais proveitosa”, relatou.

Por |2019-05-17T17:13:56-03:0017 de maio de 2019|Eventos|Comentários desativados em 17º Congresso Nacional: retorno após problema de saúde mental pauta plenária