Conheça a síndrome do esgotamento físico e mental do trabalho

Cansaço, irritação, desânimo, exaustão, fadiga, alterações de humor, insônia, tensão muscular e falta de energia são alguns dos sintomas da síndrome de Burnout, doença relacionada ao esgotamento físico e mental em decorrência do trabalho. Embora não seja tão conhecida pela maioria das pessoas, ela atinge 30% dos trabalhadores, de acordo com pesquisa realizada pela filial nacional da International Stress Management Association (Isma), que avaliou mil pessoas.

O professor e fundador da Dialógica Jefté Amorim teve a doença neste ano, com duração de quatro meses. O motivo? Ele trabalhava exaustivamente longas horas, e até emendava nos fins de semana, sem interrupção e consequentemente, sem descanso. Aliado a isso, estava há três anos sem férias. Essa rotina super excessiva de trabalho fez com que ele ficasse desanimado, irritado, cansado, com dores no corpo, entre outros sintomas.

“Eu percebi por uma sensação de tristeza, cansaço, uma irritação profunda mesmo, eu via uma notificação no WhatsApp e já me dava raiva”, conta.

“Não busquei nenhuma ajuda médica nem acompanhamento psicoterapêutico, o que não é recomendado, mas busquei apoio de formas indiretas. Buscando conhecimento sobre o tema, conversando com algumas pessoas amigas que são profissionais da área de saúde, principalmente sobre tratamentos naturais como aromaterapia”, explica o professor, que se forçou a “dar um tempo” para se recuperar.

“Passei a ter um tempo de descanso para estar com minha família, para meditar e vivenciar minha fé. Sou cristão, então revi esses fatores todos e busquei me reconectar um pouco com coisas que me alegram e me dão energia”, diz Jefté.

Ele resume o esforço que fez em uma palavra: disciplina. “Organizar um tempo regulamentado de descanso, de lazer, para mim e para as pessoas que amo, é fundamental para minha saúde mental e é algo que hoje prezo bastante.”.

De acordo com a psicóloga Luciana Gropo, bombeiros, policiais, médicos, professores, enfermeiros, psicólogos, secretárias, auxiliares administrativos e engenheiros civis são algumas das profissões com grande incidência da doença. “Pessoas com nível de responsabilidade exagerada, carga horária excessiva, incluindo muitas horas extras e com ausência de lazer e atividades prazerosas são mais propensas a desenvolverem a patologia”, explica.

No entanto, Luciana diz que o problema pode ser prevenido. “A pessoa precisa ter uma alimentação equilibrada, qualidade no sono, praticar exercício físico, atividade de lazer e respeitar os próprios limites”, destaca. A psicóloga acrescenta a necessidade da empresa fazer a sua parte e reconhecer que o problema do profissional é um acidente de trabalho. “A empresa deve respeitar os limites dos funcionários. Oferecer um ambiente salubre para o exercício do trabalho, não apenas com cadeira e mesa adequadas, mas com boa iluminação e arejado. Ambiente amistoso é essencial”, defende a especialista. Ela ainda alerta que o empregador não pode demitir o colaborador acometido pela doença, pois a legislação garante estabilidade.

A psiquiatra Milena França explica que as organizações devem prestar atenção integral à saúde do trabalhador. “Diante de um quadro instalado, a empresa deve encaminhar a um serviço especializado, modificar os fatores estressores identificados e o funcionário do setor estressante. Ela deve priorizar a saúde física e mental do trabalhador” , pontua.

Milena relata que o tratamento mais adequado para a síndrome inclui o acompanhamento de psiquiatra, psicólogo, uso de técnicas de relaxamento e a decisão de tentar integrar o paciente ao seu trabalho da melhor forma possível, fazendo com que os locais de trabalho estejam adequados ao bem-estar deles.

(Fonte: Jornal do Commercio)

Por |2017-10-10T14:30:11-03:0010 de outubro de 2017|Saúde no trabalho|Comentários desativados em Conheça a síndrome do esgotamento físico e mental do trabalho